André Pinto Rebouças nasceu na cidade de Cachoeira na Bahia,em 1838. Filho de Antônio Pereira Rebouças, um mulato autodidata que obteve o direito de advogar, representou a Bahia na Câmara dos Deputados em diversas legislaturas e foi conselheiro do Império. Sua mãe, Carolina Pinto Rebouças, era filha do comerciante André Pinto da Silveira.
André tinha sete irmãos, sendo mais ligado a Antônio, que se tornou seu grande companheiro na maioria dos seus projetos profissionais. Em fevereiro de 1846, a família mudou-se para o Rio de Janeiro. André e Antônio foram alfabetizados por seu pai e freqüentaram alguns colégios até ingressarem na Escola Militar.
Em 1857 foram promovidos ao cargo de segundo tenente do Corpo de Engenheiros e complementaram seus estudos na Escola de Aplicação da Praia Vermelha. André bacharelou-se em Ciências Físicas e Matemáticas em 1859 e obteve o grau de engenheiro militar no ano seguinte.
Os dois irmãos foram pela primeira vez à Europa, em viagem de estudos, entre fevereiro de 1861 e novembro de 1862. Na volta, partiram como comissionados do Estado brasileiro para trabalhar na vistoria e no aperfeiçoamento de portos e fortificações litorâneas.
Na guerra do Paraguai, André serviu como engenheiro militar, nela permanecendo entre maio de 1865 e julho de 1886, retornou ao Rio de Janeiro, por motivos de saúde. Passou então a desenvolver projetos com seu irmão Antônio, na tentativa de estruturação de companhias privadas com a captação de recursos junto a particulares e a bancos, visando a modernização do país.
As obras que André realizou como engenheiro estavam ligadas ao abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, às docas dom Pedro II e à construção das docas da Alfândega (onde permaneceu de 1866 até a sua demissão, em 1871).
Paralelamente, André dava aulas, procurava apoio financeiro para Carlos Gomes retornar à Itália, debatia com ministros e políticos por diversas leis. Foi secretário do Instituto Politécnico e redator geral de sua revista. Atuou como membro do Clube de Engenharia e muitas vezes foi designado para receber estrangeiros, por falar inglês e francês.
Participou da Associação Brasileira de Aclimação e defendeu a adaptação de produtos agrícolas não produzidos no Brasil, e o melhor preparo e acondicionamento dos produzidos aqui, para concorrerem no mercado internacional. Foi responsável ainda pela seção de Máquinas e Aparelhos na Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
Na década de 1880, André Rebouças se engajou na campanha abolicionista e ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora. Participou da Sociedade Central de Imigração, juntamente com o Visconde de Taunay.
Entre setembro de 1882 e fevereiro de 1883, Rebouças permaneceu na Europa, retornando ao Brasil para dar continuidade à campanha. Mas o movimento militar de 15 de novembro de 1889 levou André Rebouças a embarcar, juntamente com a família imperial, com destino à Europa.
Por dois anos, ele permaneceu exilado em Lisboa, como correspondente do “The Times” de Londres. Transferiu-se, então, para Cannes, na França, até a morte de D. Pedro II.
Faleceu aos 60 anos em Funchal, na Ilha da Madeira.
Qual é o motivo decisivo que leva os artigos ligados a história do engenheiro Rebouças a simplesmente deixar passar em branco a importante atuação dele na construção da estrada de ferro Paranaguá – Curitiba?
Considerada a arrojada ferrovia do país, a Paranaguá – Curitiba atravessa o mais precipitado e sinuoso trecho da serra do mar brasileira. São viadutos encrostados na rocha, dezenas de túneis atravessando maciços de rocha e pontes sobre precipícios. André Rebouças assumiu a obra após engenheiros europeus a abandonarem por considerarem impossível de ser realizada. Infelizmente esse costume teimoso de evidenciar o eixo Rio-S. Paulo resulta no empobrecimento até figuras importantíssimas da história do país, como o primeiro engenheiro negro do Brasil.
Caro senhor Eliseu Porcides,
É com grande alegria que recebemos o seu comentário, nosso objetivo ao criar este espaço, foi justamente fazer com que pessaos das mais distintas partes, independe do estado ou país, pudéssem auxiliar e contribuir com a disseminação do conhecimento de nossa história.
Hoje, temos a nossa disposição um instrumento de comunicação capaz de levar a um grande números de pessoas fatos e acontecimentos. Cabe a nós compartilhar. Peço que nos inique fontes bibliográficas para isponibilizarmos para aqueles que tenham interesse em se aprofundar neste tema.
Saudações.
Portal da Cultura Negra
Eliseu, se não me engano foi o seu irmão, Antonio Rebolças, o responsável pela ferrovia e não o André Rebolças. Eles fizeram vários projetos juntos, não sei se a ferrovia foi feita em conjunto.
Fiquei muito interessado pelos feitos de Andre e desejo saber muito mais
Tenho um filho que está com 22 anos, e que vai se formar este ano numa Universidade pública em engenharia, ele entrou sem cota e tem 22 anos, é fluente em inglês, fala Francês e estuda alemão. Quero saber se existe algum livro que conte a vida de André Rebouças; para lhe dar de presente.
O QUINTO SECULO DE MARIA ALICE REZENDE
Publicado pela Editora , traça André Rebouças e a construção do Brasil é resultado de uma tese de Doutorado em Ciências Humanas – Sociologia, do IUPERJ. O objeto deste livro é o século XIX brasileiro, nosso quarto século na contagem metafórica da autora, construído a partir da narrativa que André Rebouças produziu através de suas experiências. A via de acesso a este quarto século é a reconstrução de um esforço autobiográfico, no qual se expõem e se discutem idéias que ainda hoje, o quinto século, se projetam. Partindo da biografia intelectual de André Rebouças, um engenheiro negro, filho e sobrinho de outros negros altamente educados, a autora apresenta aqui uma negação das interpretações simplificadoras da história brasileira. Maria Alice Rezende de Carvalho dá início a narrativa através de um estudo sobre o perfil intelectual de André Rebouças, Joaquim Nabuco e Alfredo Taunay. Estes três intelectuais são homens da reforma ética e moral, Nabuco, o inglês, Taunay o francês e Rebouças o americano, cada um representando uma possibilidade diferente de realização do Brasil.
E TAMB´EM ANDRE REBOUÇAS UM ENGENHEIRO DO IMPERIO DE ALEXANDRE DANTAS TRINDADE
As múltiplas facetas de André Rebouças – engenheiro, empresário, matemático, higienista, homem bem situado na Corte, auto-exilado no início da República – constituem-se no quebra-cabeças que o livro procura apresentar. Nessa reconstituição, Alexandro Dantas Trindade não se deixa iludir pela facilidade da análise unidimensional, mas procurar refletir as contradições e ambiguidades expressas no personagem estudado e nos outros com quem conviveu. Nesse procedimento revela elementos fundamentais para a compreensão do contexto histórico em que se localiza. Ancorado em extensa pesquisa que toma como referências o diário no qual Rebouças registrou acontecimentos de seu tempo e vida, anotou temas sobre os quais escreveu, refletiu sobre política, o autor reconstrói as tramas da grande transição que se opera no Brasil de meados do século XIX. Acessou artigos não assinados desse intelectual e os coloca ao conhecimento do público Recorre, ainda, à sua correspondência ativa e passiva. A dupla dimensão trágica – pessoal e política – que desenha a vida de Rebouças e acaba por expressar-se em seu suicídio constitui-se em eixo da interpretação, que tem como pano de fundo o processo da revolução burguesa incompleta. O livro é uma constribuição importante para o estudo do pensamento político-social brasileiro e para a sociologia dos intelectuais. Elide Rugai Bastos
Eu acho a historia dele muito linda.
Muita batalha que ele passou na vida..!
Se não estou muito enganada, temos um bairro em Curitiba com o nome de Rebouças, em homenagem à este engenheiro. Pena que quase ninguém sabe quem ele foi, e principalmente que foi um negro. Acredito que demonstrar que pessoas negras participaram ativamente da construção de nosso país, não só como escravos – que foram muito importantes sim – mas também como pessoas de alto gabarito profissional é importantíssimo.
Parabéns ao Portal por nos trazer essa história importante para o fortalecimento do orgulho negro. Apenas gostaria de indagar sobre o período de permanência do engenheiro André Rebouças na guerra do Paraguai. A julgar pela cronologia do texto, suponho que houve um pequeno erro de escrita no ano em que ele deixou a guerra, sendo escrito 1886 ao invés de 1866, Favor, verificar.
[…] Para saber mais sobre André Rebouças, abolicionista, que venceu a barreira do preconceito e se tornou um dos mais ilustres brasileiros, confira esse perfil feito pelo Portal da Cultura Negra […]