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Archive for the ‘Terreiros de Candomblé’ Category

Fonte : A Tarde

Colar, assento em uma cadeira e título de “imortal”. O rito realizado tantas vezes na Academia de Letras da Bahia (ALB) e que, nesta quinta-feira, 12, começa às 20 horas, terá um sabor especial para o povo de candomblé.

Pela primeira vez, nos 96 anos da instituição, uma ialorixá ocupará uma vaga na ALB. A protagonista deste marco histórico é Maria Stella de Azevedo Santos, 88 anos, líder do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais tradicionais terreiros do Brasil.

Mãe Stella é a primeira mulher negra a conquistar uma vaga na academia. Além de todos estes pioneirismos, ela vai ocupar a cadeira nº 33, que tem como patrono um abolicionista: Castro Alves.

E mais: o último ocupante da vaga foi o historiador Ubiratan Castro de Araújo, um intelectual combativo na luta contra o racismo.

“Minha mãe Stella tem uma particularidade: não necessitou sair de sua literatura pessoal, da sua experiência de sacerdotisa para galgar esta posição. Ela não precisou de articulações literárias complexas e inadequadas para ganhar o título com que representa todos nós”, diz o historiador e religioso do candomblé, Jaime Sodré.

Manifesto – Com a chegada de Mãe Stella, a ABL também abre as portas para a representante de uma religião que luta contra os efeitos de um preconceito histórico.

Há apenas 37 anos os terreiros tinham que ir à polícia pedir autorização para realizar seus ritos. Desde então vêm reiterando suas ações em busca do respeito para o qual Mãe Stella contribuiu de forma particular.

Em 1983, ela esteve à frente da elaboração de um manifesto que conclamava os membros de candomblé a assumir a sua religião e pedia o afastamento da prática do sincretismo e de vincular seus ritos ao catolicismo.

Foi uma ação de afirmação. “Para mim é assim. Minha história tem sido marcada pelo trabalho, ou seja, aquilo que eu acho que têm que ser feito”, afirma Mãe Stella.

O manifesto tem mostrado frutos, principalmente em uma nova geração de lideranças religiosas.

“Eu, que ainda não havia assumido a liderança do Terreiro do Cobre, fiquei feliz de descobrir que pensávamos do mesmo jeito sobre o mesmo tema”, diz a ialorixá Valnizia Pereira de Oliveira.

Autora dos livros Resistência e Fé (2009) e Aprendo Ensinando (2011), Mãe Valnizia analisa a chegada de Mãe Stella à academia de letras como um incentivo para aqueles que, como elas, estão usando a literatura para transmitir sua experiência religiosa.

“Não é para contar segredos, mas mostrar o que a gente ensina e ao mesmo tempo aprende. Esta conquista de Mãe Stella representa a luta e resistência de líderes religiosas que vieram antes”.

Aplausos – O mesmo aponta o tata de inquice Anselmo dos Santos, líder religioso do Terreiro Mokambo. “Esse título é um reconhecimento ao candomblé e contempla todos nós”, diz.

As impressões da importãncia da atuação de Mãe Stella vindas dos que a conhecem de forma mais pública são reforçadas por quem convive de perto com ela.

“É uma orientadora, uma pessoa a quem se pode pedir conselhos. É excepcional”, afirma o ogã José Ribamar Daniel, presidente da Sociedade Cruz Santa do Ilê Axé Opô Afonjá, que é a representação civil do terreiro.

A admiração também vem dos colegas da academia. “É mais do que justa essa homenagem à escritora Maria Stella. É uma pessoa que tem um grande conhecimento e que vai nos trazer a visão de outra realidade”, diz a escritora Myriam Fraga.

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As comunidades quilombolas tocantinenses Pé do Morro, Projeto da Baviera, Dona Juscelina, Grotão, Cocalinho e arredores, receberão a partir desta sexta-feira, 28, toda a magia da literatura de cordel, por meio de palestras educativas antidrogas do cordelista Júnior Brasil e distribuição de livretos de cordel, em Santa Fé do Araguaia, região Norte do Estado.

A ação é fruto do Projeto Cordel nas Comunidades Quilombolas, uma realização da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos, por meio da Superintendência de Proteção dos Direitos Humanos e Sociais, Diretoria de Proteção dos Direitos das Etnias e Minorias e Coordenadoria dos Afrodescendentes, com apoio da Superintendência de Ações sobre Drogas e Fundo Estadual sobre Drogas.

O projeto contemplará as 27 Comunidades Quilombolas do Tocantins, reconhecidas como remanescentes de quilombos pela Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura. O objetivo maior é levar conscientização antidrogas aos jovens quilombolas e aos seus pais, através de ações preventivas e educativas para o combate às drogas. E o método escolhido foi o cordel, uma forma divertida e diferente de mostrar à juventude os perigos que elas trazem.

O cordelista Júnior Brasil, autor de livretos de cordéis, pretende contribuir com os representantes das Comunidades Quilombolas e os técnicos que atuam junto a elas para fomentar o protagonismo infanto-juvenil, a vivência da cidadania com dignidade e o fortalecimento dos laços familiares, comunitários e socioculturais como forma de prevenção ao uso abusivo de álcool e outras drogas ilícitas.

Além disso, a Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos e sua equipe técnica estarão aplicando questionários em todas as comunidades quilombolas, no intuito de obter dados para um diagnóstico preciso sobre o perigo das drogas nas comunidades, o que permitirá a realização de futuros projetos na área.

http://negroemdebate.com.br

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Aprendo Ensinando: Experiências num Espaço Religioso é o título do novo livro da yalorixá Valnízia Pereira de Oliveira. O lançamento  acontece no dia 12 de outubro, a partir das 18 horas, na Praça de Oxum do Terreiro Casa Branca.

Mãe Valnizia, consagrada ao orixá Ayrá, é a ialorixá do Terreiro do Cobre, um espaço religioso fundado no século XIX pela africana Margarida de Xangô e que teve como uma de suas líderes a célebre Flaviana de Oxum. Após Resistência e Fé, sua autobriografia, lançada em 2009, Mãe Valnizia conta nessa nova publicação as histórias da sua relação com os seus filhos espirituais, além de reminiscências da sua convivência na comunidade da Casa Branca, onde aconteceu a sua consagração religiosa.

“Para conhecer as histórias sobre minha tataravó Margarida de Xangô e sobre minha bisavó Flaviana Bianc recorri aos estudos de um historiador francês. Então, nesses anos todos  dessa minha trajetória espiritual eu fiquei pensando por que eu mesma não poderia contar as histórias da minha comunidade”, afirma Mãe Valnizia.

De acordo com a yalorixá, um dos objetivos desse novo livro é enriquecer a memória coletiva da comunidade religiosa que lidera. “Eu quero que no futuro os netos e bisnetos dos meus filhos-de-santo saibam de onde vem a sua ancestralidade e tenham consciência do que estão fazendo no Terreiro do Cobre”, acrescenta Mãe Valnizia.

A iniciativa tem o apoio da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a parceria da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi); Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia; Secretaria Municipal da Reparação (Semur) e APLB.

Serviço:

O quê: Lançamento do livro Aprendo Ensinando: Experiência num Espaço Religioso, de autoria da yalorixá Mãe Valnizia de Ayrá

Quando: 12 de outubro às 18 horas

Onde: Praça de Oxum do Terreiro da Casa Branca (Avenida Vasco da Gama, 463, Federação)

fonte :SEPROMI

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Depois de passar quatro meses em restauração, a Coroa de Xangô está de volta ao famoso Terreiro da Casa Branca, conhecido em yorubá como Ilê Axé Iyá Nassó Oká. A remontagem da peça começou sexta-feira (10) e termina amanhã, quarta-feira (15), nesse importante espaço sagrado de matriz africana, localizado no meio de uma encosta na Avenida Vasco da Gama, em Salvador.

Construída por Julieta Oliveira – Julieta de Oxum – em 1972, a obra artística e sagrada nunca tinha passado por uma grande intervenção e ficará pronta, no terreiro, sete dias antes da abertura do ciclo religioso da Casa Branca. De acordo com o diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Frederico Mendonça, a coroa foi reformada após a Associação São Jorge do Engenho Velho – entidade responsável pelo terreiro – vencer o edital de Preservação, Dinamização e Difusão de Acervos desse órgão estadual que é vinculado à Secretaria de Cultura (SecultBA).

“Através dos editais, a sociedade civil tem possibilidade efetiva de participar das políticas públicas culturais”, diz Mendonça. Para a restauração da peça sagrada foram investidos cerca de R$ 27 mil. “De 2008 a 2010 já foram investidos mais de R$ 2 milhões em editais beneficiando dezenas de municípios baianos com 73 projetos”, completa o diretor do IPAC.

A Coroa de Xangô fica instalada no pilar do barracão ou casa principal do terreiro, e é onde acontecem as festas públicas. A coluna é considerada o centro simbólico e ritualístico desse espaço sagrado. Segundo o ogã da Casa Branca, Antônio Figueiredo, é aí onde está o axé que sinaliza a sacralidade do barracão. Na cosmologia nagô esse local central é a representação material da ligação entre duas dimensões, o Aiyê (Terra, mundo dos vivos) e o Orum (Céu, domínio das divindades). Já o ogã é um dos importantes cargos de um terreiro.

A coroa da Casa Branca é um ornamento feito em madeira e pedraria, confeccionada após a remoção de outra peça de opaca, mais antiga e cuja manufatura é atribuída ao africano e um dos fundadores da Casa Branca, Rodolfo Martins de Andrade, o renomado Tio Bamboxê. A sua recuperação foi realizada pelo restaurador e professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, Dirson Argolo.

Estudo prévio detectou problemas na peça como oxidação do verniz, fissuras e empeno, apodrecimento do forro, partes faltantes, deslocamento e perdas das folhas de compensado. Os restauradores trocaram 70% da madeira por cedro, reconstituíram as peças que faltavam, promoveram limpeza e imunização, reforçaram o verso de cada florão e a parte estrutural interna da coroa, fixada em barras de ferro.

MATRIZ BRASILEIRA – O Terreiro da Casa Branca foi fundado no século 19 por um grupo de sacerdotisas africanas nagôs e é considerado matriz no Brasil de centenas de outros terreiros. Em 1984, a casa foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional, como primeiro centro religioso não-católico a ser reconhecido como patrimônio nacional pelo Ministério da Cultura. A Casa possui 6,8 mil metros quadrados, onde constam barracão, praça, fonte e mais itens sagrados. O local foi contemplado ainda por outro edital do IPAC para recuperar a Casa de Oxossi, com investimento de R$ 19,9 mil.

Os Editais do IPAC são publicados sempre no site www.ipac.ba.gov.br. Mais informações pelo endereço eletrônico editais@ipac.ba.gov.br e telefones (71) 3117.6491 ou 3117.6492.

Fonte: http://www.cultura.ba.gov.br

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